Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Postado por BRUNO LUNA
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
"Psicologia de um vencido", de Augusto dos Anjos
Postado por Diretório Acadêmico Mariana Amália às quarta-feira, janeiro 23, 2008
Marcadores: Augusto dos Anjos, poema
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