sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Depoimento de estudante de Direito sobre o Ato Médico

Não sei se vocês procuram apenas entrevistar estudantes da área da saúde, mas resolvi mandar um e-mail com a minha opinião, mesmo sendo estudante de Direito.

Creio que esse projeto de Lei deveria ser melhor escrito, pois, colocado da maneira generalizada como está, enseja sim margem aos atos de protesto que temos presenciado nos últimos dias.

No entanto, acredito ser extremamente necessária uma lei que regule o que é de fato um ato médico, para que não aconteçam com outras pessoas o que aconteceu comigo.

Estando com dores de cabeça muito fortes há três dias, depois de ter tido febre, sem conseguir respirar, com os olhos inchados e doloridos, dentre outros sintomas, resolvi procurar um posto de saúde. Nesse local, é feita uma triagem com técnicos de enfermagem, que não queriam fazer minha ficha de atendimento, alegando que os sintomas eram de gripe e os postos de saúde não mais atendem gripe. Fiquei indignada e pedi pra que me passassem para um médico de verdade. Quando fui atendida, a pessoa que diagnosticou o meu problema, sem realizar sequer exame clínico disse que minhas dores de cabeça derivavam de fome, pois como estudo e trabalho, ela tinha certeza de que meus horários de alimentação não eram regulares. No mais, disse que os outros sintomas eram apenas de uma gripe. Eu perguntei se ela era médica, e ela disse que era enfermeira, por isso, nem me receitaria medicamento, mas disse ainda "tenho autorização legal pra consultar, mas se os sintomas persistirem, procure um médico". Parece piada...

No dia seguinte, não aguentando mais de dor, exigi um médico de verdade num outro posto de saúde e após os exames devidos ficou constatado que eu estava com uma sinusite muito forte. O resultado foi um tratamento de quinze dias com antibióticos, antinflamatórios e descongestionantes, que, se eu não tomasse, apenas agravaria meu quadro.

Não estou aqui discutindo o mérito da profissão de enfermagem. Cada profissão tem o seu valor, desde que seja dentro das suas atribuições.

É necessário que se deixe claro quais são os atos que apenas os médicos devem praticar, para que os pacientes não sofram com irregularidades ou falta de preparo do profissional que lhes atende. Não estou dizendo que os médicos são superiores a ninguém. Certamente não é correto que eles interfiram no trabalho e tratamento indicado pelos outros profissionais, desde que esses não invadam a competência médica. Há muitos médicos despreparados no mercado. Mas isso já é uma questão de controle do Conselhos de Medicina e das próprias faculdades. Mas a verdadeira competência para se responsabilizar pela saúde do paciente, de uma maneira geral, deve ser do médico, pois é para isso que ele se forma.

Eu também já prestei vestibular pra medicina, mas precisei adiar esse projeto. Talvez ainda volte a tentar ingressar na faculdade. Optei por não fazer enfermagem, apesar de muitos terem me sugerido. Acho que são duas profissões distintas, portanto, cada profisisonal, com as suas atribuições, deve realizar atos distintos.

Patrícia de Almeida e Oliveira, estudante de Direito, Universidade Federal de Uberlândia

Matéria indicada pela caloura Mirela da turma 2008.1.

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