terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Educação à distância


Gente, Estou mandando esse email para socializar com vocês uma carta que eu escrevi enquanto conselheiro do Conselho de ensino, pesquisa e extensão de minha universidade. Nela defendo meu posicionamento contrario ao programa de EAD - Universidade Aberta do Brasil (UAB), abrindo vários cursos nesta modalidade em nossa universidade de forma completamente vertical. Também aponto para a necessidade de democratizarmos os colegiados deliberativos da instituição, pautando a paridade. Esta carta foi lida na ultima reunião do conselho, onde gerou um discussão meio chata entre alguns professores, inclusive o magnífico, e eu.Enfim, mesmo os projetos tendo sido aprovados, avalio que valeu a pena ter pautado este desgaste, para ratificarmos nosso posicionamento e tencionarmos estes espaços. Segue a carta:
Aos Conselheiros do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CEPE da UECE.

Eu, Alexandre Araujo Cordeiro de Sousa, conselheiro discente do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CEPE da Universidade Estadual do Ceará – UECE venho por meio deste expor um fato ocorrido na última reunião do conselho dia 18 de novembro de 2008, convocada com caráter extraordinário, e esclarecer minha postura de conselheiro.
Entendendo que meu papel neste conselho é o de representar e defender os interesses e direitos dos estudantes, no intuito de tentar garanti-los, tendo como princípio a educação pública como direito social de todos e dever do estado, devendo ser de qualidade, referenciada socialmente, emancipadora, laica, e corroborando com o posicionamento do movimento estudantil e de vários docentes representados pelo sindicato do ANDES, demonstro-me sumariamente contra a todos os projetos que compõem pacote de CONTRA-REFORMA para o ensino superior Brasileiro, pautados pelo Governo Lula através do MEC e pelo FMI, dentre eles a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que fomenta o aumento de vagas nas Universidades Públicas através da modalidade de Ensino à Distância (EAD), sucateando e desqualificando o ensino de licenciatura, reduzindo a quase zero o desenvolvimento de pesquisa e extensão, e enfraquecendo o ensino presencial.
Antes da reunião, havia lido e discutido previamente a pauta com alguns companheiros do movimento estudantil, tendo já identificado os processos referentes aos projetos político-pedagó gicos dos cursos de EAD, ratificando nosso posicionamento contrário a tais projetos, quais sejam Nº 08439351-3 – Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Informática Educativa – EAD, Nº 08439222-3 – Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Química – EAD, Nº 08439249-5 - Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Matemática – EAD, Nº 08476081-8 - Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Física – EAD, Nº 08476114-8 - Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Artes Plásticas – EAD, Nº 08352489-4 - Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – EAD, Nº 08476281-0 - Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura em Pedagogia – EAD.
Fui à reunião convicto de meu posicionamento, sentei na primeira fileira do auditório de fronte aos professores. Era o único conselheiro discente no recinto. A reunião correu como habitualmente, sem muitos questionamentos, formalidade e imponência dos membros. Neste ambiente hostil, senti-me completamente acanhado em defender meu posicionamento, posto que a forma como a reunião era conduzia pressupunha que todos os projetos iriam ser aprovados por unanimidade, reprimindo qualquer possibilidade de voto contrário. Senti-me completamente acuado diante de tal situação, ao passo que após a votação por ‘unanimidade’ do segundo processo referente aos cursos de EAD me retirei da reunião, pois não consegui mais permanecer no recinto e compactuar com tal posicionamento.
Compreendo que este conselho e todas as instâncias deliberativas desta Universidade estatutariamente se demonstram completamente anti-democráticas, visto que não adotam uma postura paritária diante dos vários setores que constroem esta instituição, fato que possibilita os representantes docentes hegemonizem ideológica e politicamente tais conselhos, o que faz destes espaços de cartas marcadas. Neste sentido, venho por meio deste reafirmar minha posição contrária a abertura de tais cursos de EAD, percebendo que esta é uma questão que deve ser melhor debatida pela comunidade universitária, não sendo implementadas verticalmente sem a consulta e discussão prévia do caráter deste tipo de modalidade de ensino e sua implicação frente as políticas de desmonte do Ensino Superior Público. Venho também enfatizar a necessidade de entrarmos em processo de estatuinte, e nesta direção pautar a paridade em nossas instâncias deliberativas.
Sem mais nada a acrescer, solicito que este documento seja anexado em ata.

Alexandre Araujo Cordeiro de Sousa
Centro Acadêmico de Enfermagem Ana Néri – CAAN UECE
Diretório Central dos Estudantes – DCE UECE
Coletivo Transformar o Tédio em Melodia - TTM
Conselheiro discente do Conselho do Centro de Ciências da Saúde – CONCEN
Conselheiro discente do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - CEPE

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