segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Quem somos nós?


O Diretório Acadêmico Mariana Amália (D.A.M.A.) é uma entidade política que representa os estudantes do curso de enfermagem do centro acadêmico de vitória (CAV). Contudo, não somos apenas um grupo de estudantes representado outros estudantes. Acreditamos que o diretório acadêmico é um espaço que deveria fazer parte da formação de todos os estudantes, já que só aqui aprendemos qual o verdadeiro papel de um universitário além de colar grau e ganhar “bastante” dinheiro, idéia essa que é constantemente incutida em nossas mentes. Todavia, antes de entrar na sociedade como profissionais é preciso ter formação social pra tal o que de fato não acontece, pois em momento nenhum o nosso papel social é questionado. A todo o momento discutimos nossos direitos e deveres, possíveis soluções para problemas que em nenhum momento nos são mostrados, mas que somos educados inconscientemente para alimentá-los através da nossa apatia, passividade e comodismo. Temos sim um pensamento utópico e romântico para essa sociedade atual a qual nos é imposta. Entretanto, lutamos contra a “formatação” que os estudantes e futuros profissionais recebem dentro das universidades que mais parecem fabricas de profissionais tecnicistas e humanos robotizados. A “formação” de fato não esconde as verdades nem aliena, mas sim tentar usar o conhecimento adquirido para melhorar uma sociedade tão carente de pesadores que atue na sociedade com objetivo de fato de transformar e não de alimentar o sistema.

Sobre a aprovação do Ato Médico pela Câmara, MINHA NOTA DE RECHAÇO



Desde a segunda metade do século passado movimentos sociais em favor da Reforma Psiquiátrica vêm lutando para a condenação de práticas de tutela e poder sobre o outro e não centralizar nas mãos de médicos o cuidado sobre a saúde. Tais movimentos foram resultado da repercussão de décadas de práticas asilares, torturas, intervenções invasivas e massacre de sujeitos cujas subjetividades não se enquadravam à lógica do capitalismo. Percebeu-se que seria injusto para a saúde ter como objetivo a cura: ela precisaria dar conta do sujeito socialmente constituído. A própria saúde é constituída dessa forma! A saúde precisaria tornar a cura um valor secundário e pensar no sujeito nas suas diversas dimensões. Deveria pensá-lo em sua existência e em suas potencialidades. A partir dessas idéias surgiram práticas em saúde "filhas" de diversas dimensões sociais. Questionou-se: Política trabalha com saúde? Educação relaciona-se à saúde? Direitos relacionam-se à saúde? Movimentos populares, assistência, arte, cultura, alimentação, saneamento básico...trabalham, relacionam-se, criam, fomentam e/ou fortalecem a saúde? Se a resposta for afirmativa, de quem é a responsabilidade pela saúde? Quem a cria/cultiva/ fortalece? São os profissionais? Ou é um profissional? Que profissional dá efetivamente conta de todas essas áreas diferentes? O sujeito da comunidade não trabalha sua saúde?Recentemente foi noticiado que a Câmara de Deputados elegeu, por critérios que nem imagino (ou imagino!), uma única categoria de profissionais para tutelar a saúde. Pergunto: que nova saúde é essa que pode ser tutelada? Que categoria é essa que precisa tutelar um bem não somente humano, mas da vida no planeta? Que objetivos regem suas formas de cuidado? Que ética pode-se perceber a partir destas formas? Uma afirmativa pode ser feita: quem aprova tal ato não deve querer beneficiar prioritariamente a população. Trata-se de uma luta por Poder não pela promoção da Saúde! Trata-se de um ato vergonhoso para a humanidade de uma forma geral, porque nega a saúde como bem comum atribuindo a ela um dono! Não se trata de afirmar a importância do trabalho da medicina, mas de desmerecer o trabalho de outros profissionais e demais cidadãos usuários de serviços de saúde. Trata-se de um triste festival de rasgar as conquistas da reforma psiquiátrica e ignorar os anos de tutela médica, sem que as pessoas pudessem assumir que são capazes de cuidar de sua saúde cuidando de si como construtoras de sua história, de sua existência! Botem os narizes de palhaço, o Ato Médico foi aprovado mais um vez!